No centro do Mindelo, a escassos metros do Hotel Porto Grande, há uma casa que se abre para oferecer sopa àqueles que querem saciar a fome e deixar de lado a solidão.
Todos os Sábados, na Igreja do Nazareno do Mindelo, há um ritual que se repete. Por volta do meio-dia, as portas do lugar sagrado abrem-se e o espaço transforma-se em cantina comunitária. Ao longo das horas seguintes, cerca de 80 pessoas transpõem o muro do preconceito à procura de uma refeição quente, alimento para o corpo e para o espírito.
Há três anos que é assim. A ideia, surgida nos meses anteriores, materializou-se a 20 de Janeiro de 2007. Um grupo de voluntários uniu esforços e pôs de pé um projecto social que, à data, como agora, marca a diferença no dia a dia daqueles para quem o pouco é muito mais do que conseguem alcançar.
A Casa da Sopa é um ponto de encontro de vidas que se confundem, quase sempre, com infelicidade. O objectivo de quem lá trabalha é fazer da tristeza, sinónimo de esperança e do infortúnio, razão de oportunidade.
“Ao longo deste período, as pessoas ganharam confiança e hoje temos beneficiários de vários escalões etários. Começámos com a terceira idade e agora temos jovens e crianças que são, igualmente, beneficiados”. Quem o afirma é o Pastor Fontes, responsável pela igreja e que, desde o primeiro minuto, fomentou o espírito “voluntarioso e altruísta” da iniciativa.
Um projecto com custos, suportados pela boa-vontade de quem dedica o seu tempo a uma Casa que é uma causa. “Custa manter o projecto. Felizmente, temos uma equipa de voluntários e parceiras que nos ajudam a suportar os gastos”.
“As pessoas foram aprendendo, ao longo deste período, a valorizar o espaço, mas claro que há custos”.
Além de distribuir uma refeição quente, a equipa de Casa da Sopa aproveita a ocasião para transmitir algumas noções de higiene e oferecer roupas. São ainda prestados cuidados médicos primários, a quem precisar. “Mesmo fazendo pouco, estamos a contribuir para a melhoria da sociedade”.
Todos os Sábados, na Igreja do Nazareno do Mindelo, há um ritual que se repete. Por volta do meio-dia, as portas do lugar sagrado abrem-se e o espaço transforma-se em cantina comunitária. Ao longo das horas seguintes, cerca de 80 pessoas transpõem o muro do preconceito à procura de uma refeição quente, alimento para o corpo e para o espírito.
Há três anos que é assim. A ideia, surgida nos meses anteriores, materializou-se a 20 de Janeiro de 2007. Um grupo de voluntários uniu esforços e pôs de pé um projecto social que, à data, como agora, marca a diferença no dia a dia daqueles para quem o pouco é muito mais do que conseguem alcançar.
A Casa da Sopa é um ponto de encontro de vidas que se confundem, quase sempre, com infelicidade. O objectivo de quem lá trabalha é fazer da tristeza, sinónimo de esperança e do infortúnio, razão de oportunidade.
“Ao longo deste período, as pessoas ganharam confiança e hoje temos beneficiários de vários escalões etários. Começámos com a terceira idade e agora temos jovens e crianças que são, igualmente, beneficiados”. Quem o afirma é o Pastor Fontes, responsável pela igreja e que, desde o primeiro minuto, fomentou o espírito “voluntarioso e altruísta” da iniciativa.
Um projecto com custos, suportados pela boa-vontade de quem dedica o seu tempo a uma Casa que é uma causa. “Custa manter o projecto. Felizmente, temos uma equipa de voluntários e parceiras que nos ajudam a suportar os gastos”.
“As pessoas foram aprendendo, ao longo deste período, a valorizar o espaço, mas claro que há custos”.
Além de distribuir uma refeição quente, a equipa de Casa da Sopa aproveita a ocasião para transmitir algumas noções de higiene e oferecer roupas. São ainda prestados cuidados médicos primários, a quem precisar. “Mesmo fazendo pouco, estamos a contribuir para a melhoria da sociedade”.
Um outro alimento
Mas não é só o corpo dos beneficiários que os voluntários do centro querem alimentar. A Casa procura ser, igualmente – “é o mais importante” – um lugar de conforto e companhia, junto daqueles que vivem, muitas vezes, em situação de solidão profunda.
Hélder Fontes tem 20 anos e é estudante de psicologia. Voluntário no centro, descreve a experiência como “uma alegria”. Não se cansa de elogiar os méritos da iniciativa. “O mais enriquecedor é, todos os sábados, ver cada um a chegar”. No contacto semanal, aproveita para pôr em prática o que aprende na universidade. Também neste ponto, a experiência tem sido “muito enriquecedora”.
“Aqui ou na rua, quando me cruzo com eles, tento saber como estão, como correu a semana. Conversamos sobre os seus problemas, sobre as suas alegrias e os seus anseios. Cada pessoa tem as suas necessidades próprias”.
Dos mais novos aos mais velhos, o grupo de utentes da Casa da Sopa é, já se sabe, heterogéneo. Hélder Dias trabalha, fundamentalmente, com jovens e adolescentes. Procura ser “directo com eles”, o que é favorecido pela proximidade de idades entre quem fala e quem escuta.
“Todos os sábados, encontro aqui uma série de problemas que vão ao encontro do que faço na minha escola”.
Precisamente, é de serem ouvidos que muitos dos que recorrem à Casa da Sopa mais precisam. Para o Pastor Fontes, não há segredos. “Eles desabafam sobre as suas grandes necessidades emocionais, mas também sobre as suas grandes necessidades espirituais. Algumas pessoas, especialmente na terceira idade, vivem solitárias”. Para elas, a companhia que encontram no local é uma “oportunidade”.
Disponibilidade e paciência são, bem se entende, duas qualidades fundamentais de qualquer voluntário. “Eu peço sempre aos voluntários para que tenham um espírito de paciência e tolerância. O sentimento da tolerância é muito importante. Ele ajuda-nos a conseguir dar às pessoas aquilo que elas realmente procuram”.
“As pessoas dizem-nos: hoje, não vou à casa da sopa, apenas pela sopa. As pessoas que ajudamos sabem que aqui recebem uma palavra de encorajamento e de estímulo”.
Para que as mais de oito dezenas de beneficiários se sintam “em casa”, é importante “saber acolher”.
Ialmar Semedo é outro voluntário do projecto. Aos 26 anos, este estudante de teologia já percebeu que “é preciso saber integrar”.
“Muitos passam dificuldades, momentos difíceis. Outros saíram de casa por causa de uma briga entre familiares. Aqui tentamos mostrar-lhes que, na vida, há sempre uma alternativa. Por isso, quando lhes dizemos algo de bom, eles mostram a sua face de alegria”, explica. “Hoje em dia há um problema de confiança entre as pessoas”.
Uma gota
Apesar do sucesso do projecto social, o Pastor Fontes sabe que as 80 pessoas ajudadas, uma vez por semana, representam apenas “uma gota no oceano das necessidades de São Vicente”. Mas isso não o desmotiva.
“Se muitas pessoas colocarem muitas gotas, esta ilha conseguirá suprir muitas dificuldades. Se outros grupos tiverem a oportunidade de reunir com pessoas e oferecer-lhes aquilo que eles precisam, isso será benéfico para todos.
“Teremos uma cidade mais harmoniosa”, resume. O responsável da igreja vai mesmo mais longe: “Não viveremos algumas situações de violência que estamos a viver”. Para tal, é necessária a mobilização de quem “esteja disposto a ajudar”.
“Podemos imaginar situações em que, um dia, estaremos na mesma circunstância. E, nessa altura, precisaremos de alguém para nos ajudar”. Aos mais incrédulos, o recado: “hoje sou eu, amanhã podes ser tu”.
Publicado no Expresso das Ilhas de 5 de Maio de 2010.