A Guiné está de novo debaixo de uma enorme tensão. A 1 de Abril, António Indjai e Bubo Na Tchuto lideraram uma revolta militar, que levou à prisão do Primeiro-ministro, Carlos Gomes Junior – entretanto libertado – e do Chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, José Zamora Induta. A instabilidade política no país não é uma novidade e o normal funcionamento das instituições democráticas voltou a ser adiado.
António Indjai
Até há pouco vice-chefe de Estado-maior, o número dois da hierarquia militar guineense aliou-se a Bubo Na Tchuto e destituiu o seu antigo superior.
Indjai já tinha sido adjunto de Baptista Tagme Na Waie, morto um dia antes do assassinato de Nino Viera.
O seu poder nas forças armadas é expressivo. Sob a sua égide estavam o batalhão de Mansoa, o maior e mais poderoso do país.
No final de Março, teria deixado o cargo, por suspeitas de ligação a uma rede de narcotráfico. Deveria estar em Havana, “a receber tratamento médico”.
Bubo Na Tchuto
O outro protagonista da revolta de 1 de Abril é descrito como “um dos mais temíveis guerreiros” guineenses. Carlos Narciso, jornalista português, que o entrevistou durante a guerra civil que assolou o país recorda que, à data, Bubo Na Tchuto “vestia a farda de uma dos oficiais inimigos mortos em combate”.
O antigo comandante da Armada estava refugiado nas instalações da ONU, em Bissau. Sobre ele recai uma acusação de tentativa de golpe de Estado. Durante a revolta de 1 de Abril, saiu das instalações das Nações Unidas e mostrou-se disposto a “cometer barbaridades”.
Carlos Gomes Junior
O Primeiro-ministro da Guiné-Bissau nasceu a 19 de Dezembro de 1949. Na manhã de 1 de Abril foi feito refém. Horas mais tarde foi novamente conduzido ao seu gabinete, na viatura de um oficial das Forças Armadas, de onde saiu para casa, sob controlo militar.
Viria a reassumir funções, mas especula-se sobre a sua substituição. O próprio e o partido que dirige (PAIGC) negam essa possibilidade, embora o líder do executivo admita sair “quando for factor de instabilidade”. Na Tchuto quer que Júnior responda “pelos actos que praticou”, mas não especificou quais.
José Zamora Induta
Zamora Induta, de 44 anos, detido e deposto do cargo de chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMFA) da Guiné-Bissau, assumiu funções em Março de 2009.
Foi confirmado no cargo, depois de ter exercido funções interinamente, após os assassínios do antigo CEMGFA, general Tagmé Na Waié, e do ex Presidente, Nino Vieira.
Detidos com Zamora Induta foram vários oficiais superiores. Entre eles, o coronel Samba Djaló, director da contra inteligência militar.
Publicado no Expresso das Ilhas (Cabo Verde) 436, de 7 de Abril de 2010