sexta-feira, 9 de abril de 2010

Chegou a hora da decisão

Britânicos vão às urnas a seis de Maio. Dois homens disputam o número 10 de Downing Street. Só um pode ganhar.

A data era dada como certa. Apesar disso, o encontro de ontem do primeiro-ministro britânico com Isabel II foi aguardado com grande expectativa. Seguindo o protocolo, Gordon Brown foi a Buckingam Palace pedir a Isabel II a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições legislativas. Assim será. Os britânicos vão às urnas em menos de um mês, a seis de Maio.

A escolha é simples: De um lado, o actual chefe de Governo, não eleito, que substituiu Tony Blair, quando este renunciou ao cargo. Do outro, David Cameron, o ambicioso líder do Partido Conservador, arredado do poder há treze anos.

O que está em jogo é, por ventura, mais complexo. Se é certo que o líder trabalhista joga, neste round, uma cartada decisiva no seu futuro político – afinal Brown é Primeiro-Ministro sem nunca ter vencido eleições – não é menos verdade que os conservadores precisam de chegar ao poder e afastar de vez os fantasmas de John Major e Margaret Thatcher. Cameron quer provar que o seu partido ainda é capaz de chegar ao Governo, mas sabe que pode ser traído pela sua ‘tenra idade’.

Para que lado vai pender a balança? A resposta será conhecida dentro de poucas semanas.



Partido Conservador
David Cameron

“Tudo se resume a não ter de aguentar mais cinco anos de Gordon Brown”. A frase de David Cameron foi proferida às primeiras horas da manhã de terça-feira, pouco depois da oficialização da data das eleições legislativas de seis de Maio.

“Mudança” tem sido a palavra mais ouvida nos últimos tempos entre os conservadores, à qual se juntou um quase slogan: “voto pela esperança, voto pelo optimismo e voto pela mudança”.
David William Donald Cameron nasceu a 9 de Outubro de 1966. É o actual líder do Partido Conservador.

Depois de 40 anos a eleger presidentes de origens humildes, os conservadores deixaram-se convencer pelos argumentos de um aristocrata, eleito em 2005, e que tem agora a grande oportunidade de mostrar, afinal, o que vale.

O que se sabe de Cameron vai do 8 ao 80. Por um lado, faz parte do exclusivo clube Mayfair, do qual também é membro o príncipe Carlos. Por outro, gosta de ‘indie rock’ e desloca-se em Londres na sua bicicleta de montanha. Aliás, é assim que costuma chegar a Westminster.
Os anos 90 representaram a sua entrada no Parlamento.

Alguns opositores acusam-no de imaturidade política e olham para a sua idade como um sinal de incapacidade em lidar com os desafios económicos do país. Resta saber o que dirão os eleitores.



Partido Trabalhista
Gordon Brown

“É provavelmente o segredo menos bem guardado dos últimos anos, mas a rainha aceitou dissolver o Parlamento e as legislativas vão realizar-se a 6 de Maio”, disse ontem Gordon Brown, à saída do encontro com Isabel II.

“A Grã-Bretanha está no caminho da recuperação e nada do que façamos deve ameaçar esse caminho”, acrescentou, antes de voltar a elogiar a gestão que tem feito da crise.

James Gordon Brown nasceu a 20 de Fevereiro de 1951. O actual Primeiro-Ministro britânico chegou ao topo da hierarquia governamental em 2007, com a saída de Tony Blair. Era, até então, Ministro das Finanças e braço direito do carismático líder trabalhista.

Brown é doutorado em história e trabalhou, durante alguns anos, como jornalista televisivo. A política falou mais alto e, em 1983, foi eleito para a Casa dos Comuns.

O seu papel como responsável pela pasta das finanças conferiu-lhe alguma credibilidade. Foi o autor de uma ousada e bem sucedida reforma monetária e fiscal.

O maior problema do presidente dos ‘Labours’ é a falta de popularidade. O seu ‘cinzentismo’, em contraste com a notoriedade de Blair, a par de algumas gafes embaraçosas, colocaram-no numa posição difícil.

Tem vindo a recuperar terreno - e a gestão da crise internacional correu-lhe bem - mas não é certo que isso seja suficiente para vencer a corrida.


Publicado no Expresso das Ilhas (Cabo Verde) 436, de 7 de Abril de 2010

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