O líder extremista sul-africano foi morto em sua casa por dois camponeses. Defensor da supremacia racial branca, nunca se conformou com o fim do apartheid.
As semelhanças entre a bandeira do movimento que liderava e a cruz suástica do Partido Nazi alemão não deixam grande margem para dúvidas sobre as intenções de Eugène Terre’Blanche, o líder da extrema-direita sul-africana, morto sábado à noite, na sua quinta, em Ventersdorp.
Terre’Blanche foi um dos rostos do apartheid. Durante o regime, chegou a dirigir os serviços secretos do país. Com o fim da divisão racial, afirmou-se como líder do Afrikaner Resistance Movement (AWB), partido que recuperou recentemente a sua força e protagonismo.
Quando foi atacado, estaria sozinho na propriedade onde morava. A polícia ainda o encontrou com vida.
Um jovem de 15 anos confessou a autoria do crime. O menor, que pastoreava gado para o supremacista branco, terá dito à sua mãe que ele e um antigo trabalhador da quinta espancaram Terre’Blanche até à morte, porque este não lhes pagava o salário “há vários meses”.
Em entrevista à AP Television News, um dos alegados autores relatou que quando perguntaram pelo pagamento dos seus salários, em dívida desde Dezembro, Terre'Blanche disse-lhes que se assegurassem primeiro que todo o gado tinha regressado da pastagem. Depois de o terem feito, Terre’Blanche continuou a não lhes pagar. O trabalhador mais velho, de 21 anos, saiu e voltou armado. Os dois golpearam a vítima e, em seguida, entregaram-se na esquadra da polícia. Segundo o agressor, as suas últimas palavras foram de ameaça: “vou matar-vos e atirar-vos para o inferno.”
O crime aconteceu num país que tem uma das mais elevadas taxas de assassínios diários: 50, num universo de 50 milhões de habitantes.
As semelhanças entre a bandeira do movimento que liderava e a cruz suástica do Partido Nazi alemão não deixam grande margem para dúvidas sobre as intenções de Eugène Terre’Blanche, o líder da extrema-direita sul-africana, morto sábado à noite, na sua quinta, em Ventersdorp.
Terre’Blanche foi um dos rostos do apartheid. Durante o regime, chegou a dirigir os serviços secretos do país. Com o fim da divisão racial, afirmou-se como líder do Afrikaner Resistance Movement (AWB), partido que recuperou recentemente a sua força e protagonismo.
Quando foi atacado, estaria sozinho na propriedade onde morava. A polícia ainda o encontrou com vida.
Um jovem de 15 anos confessou a autoria do crime. O menor, que pastoreava gado para o supremacista branco, terá dito à sua mãe que ele e um antigo trabalhador da quinta espancaram Terre’Blanche até à morte, porque este não lhes pagava o salário “há vários meses”.
Em entrevista à AP Television News, um dos alegados autores relatou que quando perguntaram pelo pagamento dos seus salários, em dívida desde Dezembro, Terre'Blanche disse-lhes que se assegurassem primeiro que todo o gado tinha regressado da pastagem. Depois de o terem feito, Terre’Blanche continuou a não lhes pagar. O trabalhador mais velho, de 21 anos, saiu e voltou armado. Os dois golpearam a vítima e, em seguida, entregaram-se na esquadra da polícia. Segundo o agressor, as suas últimas palavras foram de ameaça: “vou matar-vos e atirar-vos para o inferno.”
O crime aconteceu num país que tem uma das mais elevadas taxas de assassínios diários: 50, num universo de 50 milhões de habitantes.
Aumento da tensão racial
O assassinato do fazendeiro e líder político, de 69 anos, provocou um imediato aumento das tensões raciais na África do Sul.
Membros do partido de Terre’Blanche, AWB, apressaram-se a acusar o líder da juventude do Congresso Nacional Africano (ANC), Julius Malema, de ter espalhado “um discurso de ódio”.
Em causa está uma canção entoada por Malema, num encontro com jovens. “Kill the Boer”. Em afrikaans, “boer” significa agricultor, mas o termo é usado para designar os brancos.
A letra do tema é de tal forma polémica que o Supremo Tribunal sul-africano já a proibiu. O ANC contesta a decisão e justifica a sua sucessiva utilização como um apelo à herança cultural do país.
De acordo com o presidente da associação de agricultores AgriSA, Johannes Moller, tem havido um número crescente de ataques a quintas nas últimas semanas. Desde 1994, altura da abertura democrática, mais de 1700 agricultores brancos e 1600 trabalhadores rurais negros foram mortos.
Terre’Blanche fora condenado a seis anos de prisão em 2001 – só cumpriu metade da pena – por tentativa de assassínio de um antigo guarda de segurança, Paul Motshabi, que ficou paralisado e incapaz de falar durante meses.
André Thomashausen, professor de Direito Internacional Comparado, na Universidade da África do Sul (UNISA), citado pela agência Lusa, entende que “o assassínio brutal e extremamente violento de Eugene Terre’Blanche se insere num quadro de homicídios igualmente brutais e sistemáticos de brancos de origem Afrikaner”.
Membros do partido de Terre’Blanche, AWB, apressaram-se a acusar o líder da juventude do Congresso Nacional Africano (ANC), Julius Malema, de ter espalhado “um discurso de ódio”.
Em causa está uma canção entoada por Malema, num encontro com jovens. “Kill the Boer”. Em afrikaans, “boer” significa agricultor, mas o termo é usado para designar os brancos.
A letra do tema é de tal forma polémica que o Supremo Tribunal sul-africano já a proibiu. O ANC contesta a decisão e justifica a sua sucessiva utilização como um apelo à herança cultural do país.
De acordo com o presidente da associação de agricultores AgriSA, Johannes Moller, tem havido um número crescente de ataques a quintas nas últimas semanas. Desde 1994, altura da abertura democrática, mais de 1700 agricultores brancos e 1600 trabalhadores rurais negros foram mortos.
Terre’Blanche fora condenado a seis anos de prisão em 2001 – só cumpriu metade da pena – por tentativa de assassínio de um antigo guarda de segurança, Paul Motshabi, que ficou paralisado e incapaz de falar durante meses.
André Thomashausen, professor de Direito Internacional Comparado, na Universidade da África do Sul (UNISA), citado pela agência Lusa, entende que “o assassínio brutal e extremamente violento de Eugene Terre’Blanche se insere num quadro de homicídios igualmente brutais e sistemáticos de brancos de origem Afrikaner”.
Campeonato do Mundo ameaçado
A tensão que se gerou após a notícia chegou mesmo ao Mundial de 2010, a poucos meses do início da competição. Um membro do AWB avisou os países que estarão presentes no campeonato de futebol para não enviarem as suas selecções para “uma terra de assassinos”.
Andre Visagie, sentenciou que a morte de Terre’Blanche “é uma declaração de guerra” dos negros contra os brancos.
“Vamos avisar essas nações: ‘estão a mandar as vossas selecções para uma terra de assassinos’. Não o façam, se não tiverem protecção suficiente para elas”, avisou.
Em resposta, o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, apelou à calma, pedindo aos “sul-africanos para não permitirem que agentes provocadores possam tirar vantagem da situação para incentivar ou incendiar o ódio racial”.
Numa leitura da situação, o director do jornal português O Século de Joanesburgo, Varela Afonso, manifestou não ter dúvidas de que está a ser feito um “aproveitamento político” da morte do líder político.
“Estão a aproveitar-se porque o Mundial de Futebol é a bandeira do país. É um aproveitamento político”, entende o jornalista.
O Campeonato Mundial de Futebol 2010 disputa-se de 11 de Junho a 11 de Julho, na África do Sul. Trata-se da primeira vez que um país africano acolhe a fase final do torneio.
Andre Visagie, sentenciou que a morte de Terre’Blanche “é uma declaração de guerra” dos negros contra os brancos.
“Vamos avisar essas nações: ‘estão a mandar as vossas selecções para uma terra de assassinos’. Não o façam, se não tiverem protecção suficiente para elas”, avisou.
Em resposta, o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, apelou à calma, pedindo aos “sul-africanos para não permitirem que agentes provocadores possam tirar vantagem da situação para incentivar ou incendiar o ódio racial”.
Numa leitura da situação, o director do jornal português O Século de Joanesburgo, Varela Afonso, manifestou não ter dúvidas de que está a ser feito um “aproveitamento político” da morte do líder político.
“Estão a aproveitar-se porque o Mundial de Futebol é a bandeira do país. É um aproveitamento político”, entende o jornalista.
O Campeonato Mundial de Futebol 2010 disputa-se de 11 de Junho a 11 de Julho, na África do Sul. Trata-se da primeira vez que um país africano acolhe a fase final do torneio.
Publicado no Expresso das Ilhas (Cabo Verde) 436, de 7 de Abril de 2010
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